Visitando Litang – a cidade do sétimo Dalai Lama

Na região do Tibete está a nossa cidade favorita da China. Com muita cultura, um povo simpático e praticamente nenhum turista, Litang com certeza te deixará encantado!

Litang, uma bela cidade no Tibete da China
As ruas de Litang

Um dos nossos sonhos era conhecer o Tibete chinês. Já havíamos praticamente aberto mão dele, pois vimos que era necessário conseguir uma permissão especial para visitar esta região, e que também era obrigatório estar o tempo todo em companhia de um guia. Ou seja: iria sair caro. Mas, depois de alguma pesquisa, encontramos uma solução. A região onde o acesso é restrito é uma região autônoma da China, mas a cultura tibetana se estende além dela. Trocando em miúdos, é como se você quisesse conhecer a floresta amazônica mas não pudesse entrar no estado do Amazonas. A solução? Conhecer a selva através de outro estado.

Foi assim que descobrimos Litang. Esta cidade é dominada pela cultura do Tibete. Apesar da forte presença do exército chinês nas ruas, o povo aqui fala o idioma tibetano, ora ao estilo tibetano e se veste como o povo tibetano. De fato, esta é uma das regiões que luta por independência, e conflitos entre o povo e o exército chinês às vezes acontecem. Felizmente já faz uns anos que a região vive em paz.

Litang foi o berço do sétimo Dalai Lama, e talvez seja a cidade mais religiosa que já visitamos. Monges estão por todos os lados, e os cidadãos sempre caminham carregando um colar de oração similar a um terço. Litang é, também, um importante centro de peregrinação do povo tibetano. Mas você não precisa ter nascido no Tibete nem seguir a religião budista para se encantar com este lugar!

Litang, China
Presença da polícia chinesa em Litang

Como chegar?

Litang está uns 550 km afastada de Chengdu. Para viajar entre essas duas cidades é preciso fazer uma parada em Kangding para trocar de ônibus.

Uma passagem de Litang para Kanding custa na faixa de 100 yuan. Não chegamos a ver o preço da viagem entre Kanding e Chengdu (viajamos essa parte de carona, o que aliás foi uma ótima experiência).

Outro caminho, pouco viajado mas muito interessante, é fazer a rota entre Shangri-lá (outra cidade encantadora) e Litang. A viagem é longa (quase 10 horas no total), e é preciso fazer uma parada em Daocheng ou Xiangcheng para trocar de veículo. O preço total da viagem (parte em ônibus, parte em táxi compartilhado) fica na faixa dos 160 yuan.

  • Leia aqui nosso post completo explicando como foi viajar por esta região, incluindo algumas experiências com carona que tivemos.

Note que há duas estações rodoviárias em Litang: uma nova, moderna, que está perto da estrada, afastada uns 3 quilômetros do centro. Desta partem os ônibus para Kanding. A estação velha fica bem no centro, e dela partem basicamente táxis compartilhados.

Viajando pelo Tibete chinês
Viajando de carona pelo Tibete

Hospedagem

Quando visitamos, não havia opções de Booking ou a fins em Litang. A solução era chegar lá e se virar para arranjar hotel na hora mesmo. Mas isso foi fácil: perto da estação velha há vários deles. Assim que descemos do táxi compartilhado (viemos de Daocheng) uma senhora veio nos oferecer hospedagem por 60 yuan em um quarto de casal. O preço era bom (achamos a região do Tibete mais cara que o restante da China), mas não conseguimos ficar no hotel. O quarto até que não era ruim, mas o banheiro era terrível. Ficava do lado de fora do hotel, e nada mais era do que um buraco de cimento no chão. Obviamente não havia descarga, e não temos ideia de como faziam para limpar (se é que limpavam). Não havia duchas.

Assim, caminhamos mais um pouco e, na rua ao lado da estação, encontramos vários hotéis. Todos nos indicavam para ir no maior deles, que era o único que tinha autorização para receber estrangeiros. O quarto de casal custava 120 yuan, mas demos uma chorada e baixaram o preço para 80. Este quarto tinha banheiro privado e água quente. A privada era no estilo turco, mas pelo menos tinha descarga.

Litang, China
Moradora de Litang, orando enquanto caminha

Comida

Há vários restaurantes simples no centro de Litang. Um prato de macarrão com carne neles custa a partir de 15 yuan.

Não encontramos restaurantes que vendessem pratos ocidentais, e duvido que existam.

Idioma

O povo nesta região fala o idioma do Tibete, e dificilmente você encontrará alguém que fale inglês. Para piorar, não encontramos nenhum tradutor que traduzisse de/para tibetano. O jeito foi se virar na mímica mesmo.

Alguns conseguem falar chinês (pelo menos o básico), o que facilita. Pelo menos chinês o Google Translate entende.

O engraçado por aqui é que tivemos a impressão de que muitas das pessoas não sabem que existem outros idiomas além do tibetano e do chinês. Eles vinham conversar conosco em chinês e não conseguiam acreditar que não entendíamos.

Seja como for, aqui está uma palavra que você deve conhecer: “Tashi delê”. Não há uma tradução literal para isso, mas é um cumprimento no Tibete. Diga “tashi delê” para as pessoas e você receberá vários sorrisos sinceros em troca.

Clima e altitude

Litang está em uma altitude bastante elevada (em torno de 4.000 msnm). Isso quer dizer que, além de fazer bastante frio (no último dia vimos até neve), você possivelmente sinta alguns sintomas do mal de altitude. É comum ter dores de cabeça e se cansar com mais facilidade. Por isso, procure andar sempre a passos lentos e tome bastante água.

Pegando carona na China
Saímos de Litang embaixo da neve!

O que fazer?

Litang fica em uma região desértica, repleta de montanhas com paisagens muito bonitas e cercada por pequenos vilarejos bem interessantes. Nessas paisagens há yaks (espécie de boi peludo da região), cavalos e às vezes povos nômades.

Infelizmente, dada a escassez do transporte público, você dependerá de táxis ou de se aventurar de carona caso queira conhecer regiões mais afastadas.

Em todo o caso, na cidade mesmo há coisas bem interessantes para se visitar, e você pode conhecê-las todas a pé. Aqui está o que você não deve perder:

  • Grande Monastério de Litang

Também conhecido como Ganden Thubchen Choekhorling, este monastério enorme foi fundado em 1580 pelo terceiro Dalai Lama. Turistas são bem-vindos para visitá-lo, e a entrada é gratuita. Você pode, inclusive, entrar no grandioso templo principal, desde que mantenha o respeito e tire os sapatos. A porta é fechada com uma pesada cortina, mas não tem problema espiar lá dentro. Quando visitamos, nos deparamos com a bela cena dos monges almoçando. Não tiramos fotos, obviamente.

Ao lado do monastério, contornando o muro por fora, há um pequeno cerro com várias bandeirinhas do Tibete no topo.

Monastério de Litang, Tibet, China
O imponente monastério de Litang
  • Casa do Sétimo Dalai Lama

Outro destino bem interessante em Litang é a casa onde nasceu sétimo Dalai Lama. Ela fica bem no centro e há várias placas que indicam o caminho, então não tem como errar.

Note que este não é um destino turístico, mas sim um destino de peregrinação. Você encontrará por ali várias pessoas rezando enquanto caminham em sentido horário ao redor da casa (siga o fluxo; não caminhe no sentido contrário). É bem provável que elas te convidem para caminhar junto delas.

Na casa do Dalai Lama havia uma fogueira acesa, e volta e meia entrava gente trazendo lenha ou papéis para queimar. Não entendemos se a fogueira é mantida sempre acesa ou não, mas ficou claro que as pessoas depositavam sua fé naquelas chamas.

Casa de Dalai Lama em Litang
A casa do sétimo Dalai Lama

Em frente à casa há um pequeno templo, e dentro dele há quatro rodas de orações e, claro, muitas pessoas orando. A cena é muito bonita, e mais bonito ainda foi o fato de nos convidarem para participar. Comece pela roda da direita, gire-a três vezes em sentido horário, e então parta para a próxima, até terminar o circuito.

  • Enterro dos céus

A terra desta região é muito dura, portanto os mortos em geral não são enterrados. Então, o que fazem com os corpos?

O ritual pode parecer um tanto assustador para a nossa cultura, mas faz parte da tradição deles. O corpo do falecido é levado para o topo de uma montanha, onde é esquartejado e oferecido aos abutres. Todo o funeral é acompanhado por monges e por amigos da família do morto (familiares em geral não participam, justamente pelo fato do ritual ser chocante).

Se estiver acontecendo um ritual destes durante sua visita à cidade, você é bem-vindo para participar. Não aconteceu nenhum enquanto estivemos por lá, mas há vários relatos de turistas que conseguiram presenciar. Se for acontecer, provavelmente o pessoal do seu hotel irá te informar.

Litang
Nesses morros ao redor da cidade é que acontecem as cerimônias

O ritual acontece bem cedo. Se for acompanhar um, lembre-se de manter o respeito. Fique afastado e evite tirar fotos. Lembre-se que aquilo é um funeral, e não um passeio turístico.

É isso, pessoal!

Aqui está um vídeo que fizemos neste lugar tão incrível:

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