Destino cada vez mais explorado por brasileiros e a Meca dos trilheiros, a pequena cidade de El Chaltén é uma das portas de entrada ao Parque Nacional Los Glaciares, e oferece vistas incríveis a glaciais, lagoas de água cor de esmeralda e montes rochosos cobertos de neve. E o melhor: é grátis!
Referência (jan 2016):
1 real = 3,40 pesos
Localizado a cerca de 200 km da famosa El Calafate, este pequeno povoado com pouco mais de mil habitantes é lotado de turistas de todas as partes do mundo, que vêm atrás de trilhas com vistas espetaculares ou de escalar belas montanhas rochosas.
A passagem de El Calafate para El Chaltén é cara: gira em torno de 400 pesos. Como estamos viajando em economia extrema, chegamos até lá de carona mesmo.
Como já é de se imaginar, El Chaltén é uma cidade cara: há poucos supermercados com poucas opções e tudo custa pelo menos o dobro do que nos outros lugares. Se tiver condições de levar comida para lá, leve.
Outra coisa: a cidade e o parque nacional praticamente fecham no inverno, portanto procure visitar a região nos meses mais quentes. Também fique atento às condições climáticas: nós fomos abençoados com dias lindos, mas muita gente volta de lá reclamando que não conseguiu ver nada por conta do tempo fechado.
Hospedagem em El Chaltén
Há uma boa quantidade de hostels por lá, mas costumam não comportar a grande quantidade de turistas que invade a pequena cidade, principalmente na alta temporada (verão). Como a demanda é menor que a procura, espere preços bem altos também.
Uma boa alternativa (e bem econômica) é ficar em campings. Há três campings no local, sendo o mais econômico (80 pesos por pessoa) o La Torcida, bem na entrada da trilha para a Laguna Torre.
Se optar pelos campings, não há que se preocupar com reservas ou coisas do tipo. Além disso, levar uma barraca é uma ótima ideia, pois você precisará dela se quiser apreciar as belas vistas do Parque Nacional.
Dentro do Parque Nacional é possível acampar gratuitamente em algumas áreas, mas a estrutura oferecida é mínima: não há ducha e o banheiro é apenas uma cabine com um buraco no chão.
O que fazer?
A beleza de El Chaltén está na sua porção do Parque Nacional Los Glaciares (que se estende até El Calafate e é um Patrimônio da Humanidade pela UNESCO). Há uma infinidade de trilhas para se fazer, de diferentes níveis de dificuldade, todas gratuitas e uma mais bela que a outra.
Aqui há um resumo da região, mas há muitas outras trilhas não documentadas que se pode fazer:
Para quem tem apenas 1 dia ou está com crianças, as trilhas para o Mirador de las Aguilas e de Los Condores são ideais para se ter uma boa vista do parque, da cidade e do grande lago Viedma.
Para quem tem mais tempo, o ideal é acampar dentro do Parque Nacional (é gratuito) e fazer o circuito para a Laguna Torre, Laguna de los Tres e Laguna Capri.
Nós fizemos este circuito maravilhoso em 3 dias, e vamos contar como foi:
-
Relato: Circuito Laguna Torre – Laguna de los Tres – Laguna Capri:
O tempo ideal para fazer este circuito é 3 dias. Tem gente que faz em apenas 1, mas aí tem que passar correndo e acaba não apreciando a beleza do local. E, como dizem por aqui, “quem tem pressa na Patagônia perde tempo“.
É possível ficar mais tempo, se conseguir levar comida para mais dias e aguentar ficar mais tempo sem tomar banho (ou tiver coragem de se banhar nas águas geladas do parque).
A única coisa que não precisa levar é água: todos os rios e lagos do parque possuem água própria para o consumo.
Aqui vai o nosso relato:
1° dia – Subida até a Laguna Torre
Deixamos parte de nossa bagagem guardada no camping da cidade e levamos apenas o que necessitaríamos no parque: barraca, sacos de dormir, comida e alguamas roupas.
O circuito até chegar ao Acampamendo de Agostini (próximo à Laguna Torre) é de 3 horas (9 km), mas nós levamos 6h porque fomos sem pressa alguma e admirando toda a bela paisagem pelo caminho.
Chegamos ao acampamento por volta das 18h (aqui escurece por volta das 22h no verão), montamos a barraca, deixamos as mochilas e fomos até a Laguna Torre (cerca de 15 minutos além do camping).
A vista da Laguna vale o esforço, com um belo glacial ao fundo e alguns blocos de gelo boiando por ali. Há um caminho de cerca de 1h que leva até bem perto do glacial, mas deixamos para fazê-lo no dia seguinte.
2° dia – Caminhada até o Acampamento Poincenot
Acordamos cedo e o dia estava perfeito, praticamente sem nuvens no céu. Voltamos até a Laguna Torre e fizemos a trilha até o Mirador Maestri. Note que esta trilha não está demarcada e também não há um mirador de verdade no local. Você deve ir seguindo seu caminho por volta do lago até o mais próximo que conseguir chegar ao glacial. Esta trilha não é difícil, mas pode ser complicada se estiver ventando. A vista de lá é espetacular, e se esperar é possível ver grandes pedaços de gelo caindo, fazendo um estrondo que parece um trovão.
Voltamos, desmontamos a barraca e seguimos a trilha até o acampamento Poincenot. Este circuito tem cerca de 11km, com uma subida desgraçada pouco depois da bifurcação do caminho principal.
Este trecho pode ser recorrido em cerca de 3h, mas demoramos quase o dia todo. No meio do caminho se encontra com a Laguna Hija e a Laguna Madre, que possuem uma cor verde muito bonita.
Na Laguna Hija é possível relaxar um pouco e até se banhar, pois a água ali não é tão fria se comparada com as outras do parque. Aproveitamos para lavar os pés.
Chegamos ao acampamento Poincenot por volta das 19h, onde armamos a barraca, jantamos e dormimos. A partir dali há uma trilha de cerca de 2h até a Laguna de los Tres, mas isso ficaria para o dia seguinte.
3° dia – Laguna de los Tres
Tomamos um café-da-manhã reforçado para encarar a trilha até a Laguna de los Tres. A caminhada até lá é de cerca de 2km, mas por uma subida bem empinada. Se estiver chovendo ou ventando muito, este trecho pode ser bem complicado.
Chegamos lá em cima cansados, mas a vista espetacular da lagoa com o monte Fitz Roy ao fundo compensa todo o esforço.
A maioria das pessoas chega lá e se contenta com a vista de cima do monte, mas alguns mais exploradores descem até a lagoa e sobem outro morro que está a sua esquerda. Os que fizerem este pequeno esforço adicional serão recompensados com a vista da Laguna Sucia, que possui uma cor verde muito forte.
A beleza do lugar é tão impressionante que vale a pena levar comida para passar a tarde toda por lá, explorando cada canto do local. Quem tem coragem até arrisca um mergulho no lago.
Do Poincenot também é possível seguir ao Mirador Piedras Blancas, uma caminhada mais fácil porém não tão recompensadora como a do Lago de los Tres. Se tiver tempo, vale a pena ver as duas. Se tiver que escolher somente uma, sem dúvidas deve escolher a de los Tres.
Tínhamos a intenção de seguir até o próximo acampamento (Capri) hoje mesmo, mas acabamos tão ocupados explorando a região que resolvemos dormir mais uma noite no Poincenot.
4° dia – voltando para El Chaltén
Sem dúvidas a região merecia mais um dia para explorar, mas como já estávamos sem comida e a situação após 3 dias sem banho estava bem complicada, decidimos voltar para El Chaltén. Pelo caminho, víamos o Fitz Roy ficando cada vez menor.
No caminho, passamos pelo acampamento Capri, ao lago da lagoa de mesmo nome. Este é sem dúvidas o acampamento mais bonito da região, mas não há muito o que explorar por ali.
Ao final deste percurso, se tem uma bela vista da cidade e das montanhas que a cercam. Este trajeto tem cerca de 9km e pode ser feito tranquilamente em 3h.
Este seria o mínimo que recomendamos para quem quiser conhecer El Chaltén. Para quem tiver mais tempo e boa experiência com trilhas, pode explorar a região do Cerro Huemul, que possui trilhas mais pesadas e não documentadas. Para nós, o circuito light já foi suficiente.
Dicas:
- Passe no posto de informações para ver como estão as condições das trilhas e pegar um mapa da região. Se for fazer trilhas fora das convencionais, faça o registro com a guarda do parque para sua segurança.
- Apesar do clima frio, há bastante moscas e mosquitos na região que picam doído. Leve repelente de insetos.
- Leve uma barraca – além de economizar com a hospedagem na cidade, ainda vai poder acampar dentro do parque e ter vistas que os turistas convencionais acabam não apreciando.
- É proibido fazer fogueira dentro do parque, mas os fogareiros a gás estão liberados.
- Se tiver condições, traga comida de outra cidade, pois El Chaltén é caro.
- Esqueça internet: sinal de celular praticamente não há e os pontos que oferecem wi-fi são extremamente lentos.
- Não se preocupe em comprar água: todos os rios e lagos do local são limpos e próprios para o consumo humano.
- Ônibus para chegar e sair de El Chaltén são caros. Viajar de carona é uma ótima opção, mas procure chegar cedo para pegar o primeiro lugar na fila, pois muita gente pede carona por lá. O melhor lugar para ficar é na esquina antes da ponte, perto da placa que diz “Bienvenido a El Chaltén”.
É isso pessoal! Gostaram das dicas?
Para acompanhar nossa viagem de volta ao mundo, curtam nossa página no face!
www.facebook.com/mundosemfimoficial
- Não perca tempo! Garanta a reserva do seu hotel pelos melhores preços no Booking.com
- Prefere alugar uma casa? Então pegue aqui seu desconto de R$130 para a primeira hospedagem no AirBnb
- Quer ganhar um extra com suas fotos de viagem? Aprenda a vendê-las por aqui.
- Viaje sem sair de casa com os nossos livros!
Ótimo post! Um dos lugares mais lindos do mundo <3
Obrigado Roberta! Realmente, essas montanhas deixam qualquer um de queixo caído! 😀
Boa tarde pessoal, acompanho o blog desde o início e este é meu primeiro comentario, só gostaria de dizer: por favor não parem de postar!!!!! Os lugares são lindos, as fotos tem uma boa qualidade e os posts com valores são ótimos, tudo é bem descriminado e os leitores sentem que estão ouvindo a história de um amigo. entro no site todo dia para me manter firme no meu próprio projeto.
Abraço e muita muita luz para vocês!!
Olá Eduarda, muito obrigado pelo elogio!
Não se preocupe, não temos planos de parar de postar não! Tivemos bastante dificuldade para planejar nossa viagem porque não encontrávamos muitas informações sobre gastos na internet, por isso estamos fazendo o possível para deixar isso bem descrito a fim de ajudar os outros viajantes.
No mais, sorte com seu projeto, e esperamos que possamos nos encontrar por esse mundão maravilhoso!!
Abraço!
Realmente deveras interessante e informativo, muito obrigado ao casal. Excelente iniciativa, uso este site como uma das bases para minha viagem de volta ao mundo (ainda sem data, mas sei que será breve, rs). Admirável!
Como pode um lugar tão lindo como esse ser pouço conhecido! ?!?!!?!!
Realmente, depois dessa aprendemos a não dar mais bola para o que dizem os guias de viagem e escutar mais os conselhos da população local!
Oi Ranan! Como vão?
Para um mochilão mais em conta, você recomenda El Chaltén ou Torres del Paine?
Abraço!
Olá Vitória!
Poxa, seria legal conhecer os dois, mas se tiver que escolher um sem dúvidas é o El Chaltén. Além de termos achado ele mais bonito, ainda é grátis (tanto para entrar quanto para acampar). Em Torres tudo é caríssimo!
Abraços!!
Olá Renan! Meus parabéns pelo blog, sigo vocês desde minha viagem para o sul do Peru, e as dicas são sempre valiosíssimas!
É possível fazer uma bate-e-volta ao Fitz Roy e às Lagunas Torre e de Los Tres? Pelo mapa parece ser possível fazer algumas trilhas voltando à cidade, tendo ela como base. Sei que está longe do ideal, e adoraria ficar 3 ou mais dias como vcs, mas estarei viajando sozinho e não tenho barraca (acredito que não tenha a mesma estrutura das Torres del Paine).
Abraços!!
Olá Ricardo! Obrigado!
Quando ao Fitz Roy, dá pra fazer bate-volta pra esses lugares numa boa (um dia para um, um dia para outro). Se estiver com o preparo físico 100%, acho que dá pra fazer o circuito completo no mesmo dia, embora recomendo ficar algumas horas no Fitz Roy só apreciando a paisagem.
A estrutura do Fitz Roy é mais simples que a das torres mesmo, é só um espaço para por as barracas e um buraco no chão de banheiro. Acho que encontra barracas pra alugar em El Chaltén se fizer questão de acampar. Mas no bate-volta dá pra conhecer tudo sim!
Abraço!!
Ola Renan!!
Suas dicas sao sempre as melhores e completas (sobretudo os preços!)
Também fico fascinado com as imagens!
Gostaria de saber – qual camera vocês usam nessa viagem?
Grande abraço e boas aventuras!
Nicolas
Olá Nicolas! Muito obrigado!
Nossa câmera é uma Nikon D5200.
Abraços!!
Oi Renan, ótimas dicas sempre!!!
Viajei o Peru inteiro com as suas dicas! sempre muito sinceras e realistas, sem querer “fantasiar” nada, ou mostrar só o lado “cool” da viagem!
Eu achei bem legal a ideia de acampar… pra economizar o dinheiro da hospedagem… uma dúvida: meu saco de dormir é pra 15 graus, cê acha que aguenta? :/ Ou terei que comprar um mais resistente ao frio?
Esse tipo de coisa é barato em Ushuaia ou El Chaltén?
Abração!
Olá Bruna! Que bom, me alegra muito que nossas dicas estejam ajudando 🙂
Sobre acampar, você vai no verão? Porque no inverno acho que os campings de El Chaltén fecham.
Em todo o caso, acho que o saco de dormir de 15 graus não vai ser suficiente. A temperatura caiu para cerca de zero pela noite quando estávamos lá. Talvez, se dormir toda vestida (inclusive com casaco) você não passe frio. Outra coisa que acho que é ainda mais importante que o saco de dormir é ter um bom isolante. Aqueles de enrolar, tanto os de borracha quanto os que tem um lado prateado, não adiantam nada (nós começamos a viagem com um desses e quase congelamos em Mendoza). O ideal é comprar um colchonete de encher. Nós compramos um desses no Chile e aguentou a Patagônia inteira.
Material de camping é BEM caro na Argentina. Se você for passar no Chile, vale a pena comprar no Chile. Se não, melhor comprar no Brasil mesmo. Acredito que aluguem em El Chaltén ou El Calafate, só não saberia te dizer os preços.
No Ushuaia, mesmo as hospedagens sendo caras, acho que compensa ver um hostel em vez de acampar. O frio que faz lá é absurdo, mesmo no verão, e o camping fica longe de tudo.
Abraços e boa viagem! 🙂
Oi ao casal. muito bom o post. as trilhas são de nível difícil? uns três meses de academia já ajudaria na preparação. Estou meio receoso nessa questão. Obrigado.
Fala Icaro! Dá pra fazer numa boa. Nós nunca fizemos academia, e nossos exercícios de fim de semana eram só tomar cerveja, e conseguimos ir tranquilos. Pessoas com bom preparo físico acho que conseguem fazer a trilha toda em 1 dia.
Olá Renan, bem legal o seu post. Meu marido e eu iremos fazer essa viagem em outubro desse ano. Vamos acampar também e gostaria de saber se quando vcs subiram para a Laguna de los Tres, foram com mochila de ataque somente ou com a cargueira completa. Obrigada! Tenho um blog de trekking, chamado Trekking Por Aí (www.trekkingporai.com.br), ficarei feliz com a sua visita lá!
Olá Letícia,
Fomos com a cargueira, mas deixamos o excesso de peso no camping em El Chaltén. Não temos mochilas de ataque.
Boa viagem!!