De Puerto Princesa a Iloilo de barco pela Milagrosa, enfrentando uma tormenta

Aqui contamos como foi nossa viagem de barco pelas Filipinas que, por conta de uma tormenta, acabou durando 5 dias.

Nós sempre procuramos a alternativa mais econômica para viajar. Desta vez, tínhamos opção em pagar alguns dólares a mais e ir de Puerto Princesa até Iloilo pela empresa Monte Negro, em uma viagem que duraria pouco mais que 20 horas. Porém, encontramos outra empresa, chamada Milagrosa, que fazia o mesmo trajeto em (supostamente) 36 horas, por um preço mais barato. Achamos que 16 horas a mais não faria mal a ninguém.

Só não sabíamos que, por conta da mãe natureza, estas 36 horas se transformariam em 5 dias.

Onde fica o escritório da Milagrosa

A aventura já começou na hora de comprar a passagem. A Milagrosa não tem um site oficial. O Google dizia um endereço, o Google Maps dizia outro, a Lonely Planet não sabia e o pessoal do nosso hotel nunca havia ouvido falar sobre esta empresa.

Nós encontramos por acaso: estávamos caminhando em direção ao porto para nos informar por lá, e sem querer passamos na frente. Para facilitar a sua vida, indicamos o local dela no mapa:

Endereço da Milagrosa em Puerto Princesa
Endereço da Milagrosa em Puerto Princesa

Não adianta colocar o endereço porque praticamente nenhuma casa nesta avenida tem número.

As passagens

Há 4 categorias de passagem:

  • Econômica: 950 pesos filipinos (63 reais)

  • Deluxe: 1150 pesos (76 reais)

  • Turística: 1300 pesos (86 reais)

  • Cabine: 2900 pesos (190 reais)

Recomendamos pagar um pouco a mais e pegar a deluxe pelo menos. A diferença entre ela e a econômica é que ela é aberta dos lados, enquanto a econômica fica em uma sala fechada, com poucas janelas. O calor lá é insuportável, além de ser muito mais cheia.

A categoria turística é a mesma coisa, mas com ar condicionado e menos camas.

Os barcos saem às quintas e aos domingos.

Barco Milagrosa
Camas na categoria Deluxe

A viagem

A viagem, teoricamente, dura umas 36-40 horas, pois faz uma parada de umas 6 horas na ilha de Cuyo para descarregar. Cuyo é um bom lugar para comer (possui pratos a partir de 60 pesos), comprar água e mais suprimentos (tem um lugar que enche garrafão de 6 litros por 20 pesos).

O barco, em teoria, sai às 15 horas de Puerto Princesa e chega de manhã em Iloilo, 2 dias depois.

O barco e os serviços

Não é oferecida comida na viagem, mas há um pequeno restaurante onde você pode comprar algo de comida ou água quente (2 pesos). Assim, levar cup noodles é uma boa ideia.

Há um banheiro masculino e um feminino (embora ninguém respeite) por andar e uma ducha. Ou melhor, um balde com água para você tomar banho de canequinha.

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A nossa viagem

  • Quinta-feira

Nós saímos de Puerto Princesa no dia 14/12/2017, uma quinta-feira. Seguindo as recomendações, chegamos ao porto às 13h30min, ou seja, 1h30min antes da partida do barco. No porto há que pagar uma taxa de embarque de 20 pesos, e um moto-táxi do centro até lá nos custou 50 pesos.

Pois bem, entramos e esperamos. Deu 15h, 16h, 17h… e nada. De vez em quando alguém entrada e anunciava alguma coisa, mais em tagalo. Começamos a ficar preocupados que tivéssemos perdido o barco (embora a sala de embarque estivesse cheia de gente com passagens iguais a nossa), e perguntamos a alguém. Nos informaram que só sairíamos às 21h. Tudo bem, 6 horas de atraso. Já estávamos acostumados.

Pois bem, o barco saiu às 21 horas. No embarque, passamos as mochilas no raio X e encontraram uma de nossas facas (temos três). Confiscaram e disseram que poderíamos retirá-la ao chegar em Iloilo. Se escondêssemos melhor, teríamos entrado com as três tranquilamente.

Seguimos viagem e conseguimos dormir tranquilamente, apesar de as camas não serem muito confortáveis e não haver travesseiro (há uma pequena elevação na ponta do colchão e só).

De estrangeiros no nosso barco, somente nós e dois rapazes (um dos EUA e um da Inglaterra). Em Cuyo entrou um casal de australianos e uma canadense.

  • Sexta-feira

A viagem seguiu tranquila, embora o barco balançasse demais. Se você fica mareado, melhor tomar um remédio para enjoo.

Chegamos a Cuyo no fim da tarde e ficamos um pouco chateados por não poder conhecer a ilha de dia (mal sabíamos de nosso futuro).

Descemos e perguntamos ao pessoal do cais quanto tempo ficaríamos ali, pois queríamos saber se daria tempo de ir dar uma volta para a cidade. Ninguém soube responder, e nos recomendaram esperar uns minutos por um anúncio oficial do capitão.

O anúncio veio: sairíamos entre poucas horas ou 3 dias. O problema é que estava se aproximando uma tormenta, e estavam esperando autorização da guarda-costeira se poderíamos seguir ainda hoje ou não.

Enfim, conhecemos Cuyo, que é um paraíso para os que gostam de praticar kite surfing. As praias em si não são são muito bonitas.

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  • Sábado

Ainda não tivemos um pronunciamento oficial sobre quando sairíamos. O capitão avisou para todos ficarem atentos ao sinal do navio, pois havia uma possibilidade de seguirmos viagem hoje. Algumas pessoas aproveitaram para curtir a praia, mas nós ficamos só pela cidade mesmo. Estava um vento frio, e também ficamos com medo de perder o barco.

Cuyo é bem pequena, mas tem uma igreja bonita (construída aparentemente em um forte) e uma praça interessante. Também tem pequenos comércios que vendem coisas básicas.

Voltamos para o barco de noite. Desta vez, já fomos avisados que não sairíamos antes de segunda-feira.

  • Domingo

E chegou a tormenta, acompanhada por tufões. O vento era muito forte e destruiu algumas embarcações de madeira que estavam ancoradas ali perto. Em um dos poucos momentos sem chuva, conseguimos ir até o centro almoçar e comprar mais água. Passamos o resto do dia no navio.

Esta noite já começou a ficar mais tensa: como nem todos do barco eram adeptos a tomar banho, podem imaginar o futum que ficou. Ainda mais porque, por conta da chuva, tiveram que baixar as lonas.

Deram um pronunciamento de que sairíamos no dia seguinte às 10h da manhã.

As crianças no barco, quando descobriram que eu tinha Angry Birds no tablet 🙂
  • Segunda-feira

Amanheceu um dia bonito e com sol, o que aumentou nossas esperanças de sairmos hoje. Porém, passaram-se as 10h e nada. Logo veio um anúncio oficial: sairíamos meia-noite. A guarda-costeira ainda nos deu alguns cup noodles, água e bolacha para aguentarmos mais um dia.

Enfim, meia-noite chegou, algumas pessoas novas embarcaram, todos cheios de expectativa, mas nada. E veio o pronunciamento: não saímos porque havia a possibilidade de formação de um novo tufão. Só poderíamos ir no dia seguinte às 7h da manhã.

Conversando com alguns membros da tripulação, soubemos que, na verdade, não saímos hoje porque esqueceram de pegar a assinatura da guarda-costeira. Como já não havia ninguém de plantão, teríamos que esperar o dia seguinte.

  • Terça-feira

Deu 7 horas e, adivinha? Não saímos!

Novo pronunciamento: sairíamos às 10 horas. E desta vez, finalmente, saímos mesmo. Estava um dia bonito, de sol, e a viagem foi tranquila.

Todos felizes por termos finalmente saído

Chegamos a Iloilo às 23h, e saímos caminhando do porto em busca de um hotel (as ruas estavam já bem desertas, mas nos sentimos seguros. Não sei se faríamos o mesmo em outro país). Caminhamos uns 40 minutos até encontrarmos um no centro.

É isso, pessoal! Nossa primeira aventura com as famosas tormentas da Ásia. Valeu a experiência!

Fizemos um pequeno vídeo com mais detalhes de como foram nossos dias:

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