Phonsavan foi a cidade mais interessante que visitamos no Laos: além dos curiosos jarros gigantes, ainda aprendemos muito sobre a história dos bombardeios que os EUA fizeram no país e vimos de perto os estragos que minas terrestres podem fazer. E, para completar, ainda chegamos bem na celebração de Ano Novo do povo hmong. Aqui contamos um pouco sobre tudo isso!
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A guerra secreta do Laos
Quando o mundo decidiu se dividir entre capitalistas e comunistas, umas poucas nações se declararam como neutras. O Laos foi uma delas. Esperavam assim serem respeitados, mas que nada: os EUA não aceitaram o posicionamento do país e o bombardearam sem dó. Hoje muitas destas bombas encontram-se enterradas sob a terra e fazem quase uma vítima por semana.
O problema foi que as tropas vietcongues (os comunistas do Vietnã) começaram a usar as selvas do Laos para passar suprimentos do norte para o sul do país. Os EUA, visando atingir estas tropas, bombardearam o Laos. E os números são assustadores: caíram o equivalente a 1 bomba a cada 8 minutos, 24h por dia, durante 9 anos! E o pior é que eram bombas que se abriam no ar e deixavam cair centenas de bombas menores, que se enterravam no chão e se convertiam em minas terrestres. 30% delas ainda não explodiram. Ou seja: atualmente há cerca de 80 milhões de bombas ativas sob o solo do país, esperando algum camponês ou alguma criança curiosa para fazer sua vítima. A média é de 50 vítimas por ano, fazendo do Laos o país campeão neste tipo de acidente.
Chamar a guerra de “secreta” é uma injustiça, já que vários jornais noticiaram os ataques. Mas, como os EUA não admitiam e a opinião pública não dava a mínima, acharam que o nome “secreto” seria uma boa para limpar a barra dos dois lados.
Foi só recentemente que os EUA reconheceram o erro e começaram a doar dinheiro para limpar o país. Doam quase 6 milhões de dólares por ano para a ONG que cuida da causa. Parece muito? Lembre-se que eles gastaram o equivalente a mais de 3 bilhões de dólares para bombardeá-lo.
Os vasos gigantes
Nos arredores de Phonsavan há sítios arqueológicos muito curiosos: eles guardam vasos gigantes de pedra, alguns deles bem maiores do que um adulto em pé. Estudos indicam que eles foram criados entre os anos de 500 a.C. e 800 d.C. Ninguém sabe exatamente para que serviam, mas há teorias que dizem que serviam para estocar água, outras que sugerem que foram feitas para fins funerários e outras que afirmam terem sido usados para guardar comida. Há também uma teoria mais curiosa que diz que eram os copos usados para gigantes beberem vinho. Quem sabe…
Há dezenas de lugares onde se pode encontrar tais vasos na região, embora somente três deles sejam seguros para a visita. Os outros ainda não foram limpados, e o risco de se acidentar em uma mina terrestre enquanto os visita é grande.
E visitar Phonsavan é mergulhar nessas duas histórias. Nos sítios arqueológicos é possível ver as enormes crateras feitas pelos bombardeios americanos. Nos restaurantes, hotéis e até nas casas você encontrará mísseis decorando o cenário. Afinal, nada mais fácil do que encontrar restos de uma bomba por aqui.
Por conta dos bombardeios, a cidade é relativamente nova: nenhuma construção data de antes de 1975. Muitos prédios são iguais, consequência da rápida urbanização promovida pelos governos comunistas.
Hospedagem
Phonsavan é repleta de hotéis e guesthouses, e em tempos normais você não terá dificuldades em chegar aqui e encontrar algo na hora. Mas nós, como visitamos a cidade bem em uma data festiva, sofremos um pouco. O hotel onde reservamos não respeitou a reserva e tivemos que bater muita perna para encontrar um quarto. Acabamos nos hospedando em um hotel chamado Namchai, pagando 80 mil em um quarto de casal. Nada mal!
Um detalhe curioso deste festival é que muitos dos turistas que estavam por aqui eram laosianos que viviam nos Estados Unidos. Alguns foram para lá fugindo da guerra, e outros apoiaram os EUA e depois fugiram com medo de represálias. Mas hoje as mágoas ficaram para trás e todos são bem-vindos.
Clima
Phonsavan está a mais de 1000 metros sobre o nível do mar e, pelo menos quando visitamos, fazia frio. Se você está há um bom tempo sofrendo com o calor do sudeste asiático, prepare-se para tirar os casacos da mala.
Chegando e saindo
Phonsavan tem ônibus para Vienciana (8h, 100 mil kips), Luang Prabang (8h, 95 mil kips), para o Vietnã e para outras cidades menores no caminho.
Há dois terminais de ônibus: um bem no centro e um afastado da cidade. Nós chegamos neste mais afastado. Tivemos que pagar 15 mil cada um para uma van nos levar até o centro.
Conhecendo Phonsavan
Você pode conhecer as atrações da região fazendo tours privados (500 mil kips), pegando uma excursão (150 mil kips por pessoa) ou alugando uma moto.
As motos custam 100 mil kips se você quiser pegá-las cedo e entregá-las no fim do dia (em geral o horário de funcionamento das agências é das 7h às 18h). Se pegar a moto de tarde, o preço cai para 80 kips. Outra dica é perguntar se a agência tem moto semi-automática: conseguimos uma dessas por 80 mil para o dia todo.
Aqui estão alguns lugares bacanas que você deve conhecer (os tours incluem todos):
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Sítios das Jarras Gigantes
Há três deles que podem ser visitados por conta própria, e eles são nomeados como “Plain of Jar 1”, “Plain of Jar 2” e “Plain of Jar 3”. Nós só visitamos o 1, que é o mais perto da cidade e onde dizem haver mais jarras. É também o mais cheio. Mas valeu a pena. Lá há um pequeno museu que mostra um pouco sobre o funcionamento das bombas que foram jogadas no país.
Em qualquer um destes lugares você verá as enormes crateras feitas pelos bombardeios americanos. Há também outros sítios para ver as jarras, embora só seja recomendado visitá-los com guia, pois ainda há minas terrestres por lá.
A entrada para o 1 custa 15 mil kips, e para os outros dois custa 10 mil.
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Museu MAG
O MAG é uma agência que está trabalhando em remover as minas terrestres do Laos. Este trabalho já lhes rendeu um Prêmio Nobel da Paz.
O museu deles fica bem na avenida principal de Phonsavan e é aberto diariamente das 10 às 20h. Em alguns horários passam vídeos contando um pouco da história dos bombardeios.
A entrada é gratuita. Você pode doar um dinheiro ou comprar algum de seus produtos para ajudar a causa.
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Vila de Ban Naphia
Esta foi uma das vilas mais bombardeadas do país. Atualmente é também conhecida como “The Bomb Village”. Nela é possível encontrar bombas por todas as partes, seja na formação das bases das casas até nas carcaças das canoas.
Nesta vila é comum encontrar talheres e artesanatos feitos a partir do metal destas bombas. Ainda que este tipo de trabalho possa ser encontrado em praticamente todo o país, os preços aqui são bem mais econômicos.
É isso, pessoal! Se vierem para o Laos, procurem incluir Phonsavan em seus roteiros. Vale muito a pena.
Aqui está um vídeo mostrando como foi nosso rolê por aqui:
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Parabéns pelo belo trabalho, apresentando o mundo da realidade.