Ganhadora do Pulitzer de 1963, a foto do monge em chamas se tornou uma das mais famosas da história. Aqui contamos a história por trás dela.
Você provavelmente já viu esta foto em algum lugar:
Ela tem sido muito usada para representar a resistência e a luta contra qualquer tipo de discriminação. A banda de rock americana Rage Against the Machine inclusive a usou como capa de um de seus discos:
Mas o que ela representa? Quem foi este monge? Trata-se de uma foto autêntica ou de uma montagem? Vamos à história dela:
A história da foto
Esta foto foi tirada pelo fotógrafo Malcolm Browne em 11 de junho de 1963, em um cruzamento bastante movimentado da cidade de Saigon (atual Ho Chi Minh). Naquela época, o Vietnã estava dividido entre Vietnã do Norte e Vietnã do Sul, e Saigon era a capital do sul.
O então presidente do Vietnã do Sul, Jean-Baptiste Ngô Đình Diệm, era um cristão devoto e havia assumido a presidência em 1955. Durante seu regime, Diem declarou o catolicismo como religião oficial do país e começou a adotar políticas discriminatórias contra o budismo. A gota d’água aconteceu em maio de 1963, quando foi realizada uma grande cerimônia cristã que resultou na proibição do uso das bandeiras budistas. Como cerca de 80% da população do país era budista, é claro que deu problema. Na cidade de Hue, mais ao norte de Saigon, uma grande multidão protestou, marchando e hasteando grandes bandeiras do budismo. As forças do governo investiram contra o protesto, matando 9 pessoas.
Então, em 10 de junho de 1963, jornalistas internacionais que estavam no Vietnã para cobrir a guerra foram informados de que algo grande iria acontecer em Saigon. Por pensarem que se tratava apenas de mais um protesto com bandeiras, quase nenhum deu atenção. Foi por muito pouco que a morte do monge não passou despercebida. Por sorte, o fotógrafo Malcolm Browne decidiu dar ouvidos aos boatos.
O monge que aparece em chamas na foto se chamava Thích Quảng Đức. Ele chegou em um carro, junto com dois outros monges, à intersecção das ruas Phan Đình Phùng Boulevard e Lê Văn Duyệt, que está a poucas quadras de onde era o Palácio do Governo (atualmente este palácio se converteu em um museu). Đức teria descido do veículo e se postado em posição de lótus no meio da rua, enquanto os outros monges jogavam sobre seu corpo alguns galões de gasolina. Uma multidão de cerca de 350 pessoas se reuniu ao seu redor.
Antes de iniciar o fogo, o monge Đức disse as seguintes palavras:
“Antes de fechar meus olhos e seguir em direção à visão do Buda, peço respeitosamente ao Presidente Ngo Dinh Diem que tenha compaixão para com o povo da nação e implemente a igualdade religiosa para manter a força da pátria eternamente. Eu chamo aos veneráveis, reverendos, membros da sangha e aos leigos budistas para se organizarem em solidariedade e fazer sacrifícios para proteger o budismo”.
E então as chamas consumiram seu corpo por cerca de 10 minutos. Enquanto vivo, Đức permaneceu em posição de meditação, aguentando as dores das chamas sem se mover e sem emitir um grito sequer.
Depois do ato, seus restos mortais foram novamente cremados.
Consequências e curiosidades
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O coração do monge Đức permaneceu inteiro após o incêndio. Ele foi removido de seu corpo e hoje se encontra guardado no pagode Xa Loi, a poucas quadras do local onde ele realizou seu último protesto;
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Após o protesto, em resposta às pressões internacionais, o governo de Diem anunciou que faria reformas para acalmar os budistas. Mas elas não chegaram a ser feitas, os protestos continuaram e muitos templos foram atacados pelas forças armadas. Diversos outros monges seguiram o exemplo de Đức e tacaram fogo em seus próprios corpos;
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Poucos meses depois, com a popularidade muito baixa, Diem foi derrubado em um golpe de Estado e executado por suas próprias tropas;
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Atualmente, neste famoso cruzamento, há uma estátua em homenagem a Đức;
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O ato rendeu dois prêmios Pulitzer: um ao fotógrafo Browne e outro ao jornalista David Halberstam, que escreveu sobre o ocorrido.
Se ficou interessado pela história, assista a este vídeo sobre nossa visita a Ho Chi Minh. Além de vermos a estátua e o famoso cruzamento, visitamos vários lugares relacionados à Guerra do Vietnã:
É isso, pessoal!
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2 comentários sobre “O monge budista em chamas – a história por trás da icônica foto do Vietnã”
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