Depois de muito pensar em como cruzar da América do Sul à América Central, chegamos à conclusão que o melhor era fazer por terra e barco. E esta foi uma das melhores experiências da nossa viagem! Aqui contamos como foi cruzar esta fronteira pouco conhecida.
Referência (março/2017)
1 real = 940 pesos colombianos
1 dólar = 3,10 reais
Para aqueles que vem viajando pela América, cruzar da Colômbia ao Panamá pode ser uma grande dor de cabeça. Talvez por isso que muitos mochileiros acabam ficando só na América do Sul, e acabam não cruzando à América Central.
O motivo da complicação é fácil entender: desde o Alasca até o sul do Chile há uma longa estrada, conhecida como Panamericana, que só não é contínua por conta desta fronteira. No Estreito de Darién (faixa de terra que conecta a Colômbia ao Panamá) não há estradas, apenas selva densa.
O motivo oficial desta separação é a preservação da natureza desta região, embora muitos digam que é uma estratégia para dificultar que a droga produzida na América do Sul chegue aos maiores consumidores do mundo (os EUA).
Seja lá a razão, nós, mochileiros da América do Sul, precisamos buscar métodos alternativos para chegar à América Central.
Nós fomos por Puerto Obaldía, em uma combinação de ônibus e barco passando pelas paisagens mais espetaculares do continente. Aqui descrevemos como foi!
Cruzando a fronteira por Puerto Obaldía
Escutamos que era possível fazer este caminho, mas quase desistimos da ideia depois de lermos vários relatos dizendo que esta fronteira é horrível, cheia de imigrantes ilegais e narcotraficantes. Felizmente fomos cabeça-dura: não vimos nada de ruim no caminho, somente lindas praias e um povo muito simpático.
Para fazer este caminho, é preciso chegar até Capurganá (Colômbia). Esta cidade só é acessível de barco ou avião. Um barco de Necoclí até Capurganá custa 70 mil pesos colombianos (leia aqui os detalhes de como chegar até lá). Capurganá é uma praia paradisíaca, e vale a pena passar uns dias por lá.
Leia nosso post completo sobre Capurganá aqui.
De Capurganá a Puerto Obaldía
Em Capurganá, é preciso carimbar a saída da Colômbia. Existe uma outra cidade colombiana ainda mais perto do Panamá chamada Sapzurro, mas lá não há oficina de imigração.
A imigração colombiana funciona das 9 às 17 horas todos os dias, mas este horário é um pouco flexível (quedas de luz são muito frequentes em Capurganá, e isso dificulta um pouco). Convém carimbar a saída um dia antes da viagem.
Uma vez carimbada a saída, você terá até 3 dias para chegar ao Panamá. Caso não consiga (seja lá qual for a razão) passe na imigração colombiana novamente e peça um novo carimbo.
De Capurganá, na teoria, é possível seguir caminhando até Puerto Obaldía, por uma trilha pesada que passa por Sapzurro. Dizem que a trilha demora umas 7 horas, o que é inviável para quem está com mochilas pesadas.
A solução mais fácil é pegar um barco de Capurganá até Puerto Obaldía. O preço normal é 30 mil por pessoa, mas se não tiver mais gente para viajar, pode sair um pouco mais caro. Quando fomos, queriam nos cobrar 35 mil por pessoa para levar somente nós dois, mas logo apareceu um canadense querendo ir junto e levaram nós três por 30 mil cada um. O segredo é chegar cedo (por volta de umas 8h) ao cais e falar com os barqueiros. Logo logo conseguem montar um grupo.
A viagem de Capurganá a Puerto Obaldía leva cerca de 50 minutos. Coloque todas as suas mochilas em sacos plásticos, pois a travessia molha muito!
Puerto Obaldía
Puerto Obaldía é uma pequena vila, onde também funciona uma base do exército.
Assim que descer do barco você já será encaminhado para fazer uma revista nas mochilas (há um cão farejador). O exército também faz uma rápida busca para ver se você não é procurado pela Interpol.
Estando tudo em ordem, basta seguir para a imigração. Ali é preciso deixar uma cópia do passaporte (vale a pena fazer em Capurganá pois é mais barato: 200 pesos. Em Puerto Obaldía cobram 25 centavos de dólar). Se for seguir em barco, precisará de mais uma cópia.
Nossa imigração foi muito tranquila: não nos pediram ticket de saída, dinheiro, nada. Ainda nos deram algumas dicas sobre lugares para conhecer no Panamá, e um visto de 6 meses para viajar pelo país. Tudo pronto em menos de 10 minutos.
Apesar de não terem nos pedido, é exigido vacina da febre amarela e comprovação de pelo menos 500 dólares para entrar no Panamá (seja em dinheiro ou cartão de crédito). Certifique-se de ter tudo isso para não ter problemas.
Puerto Obaldía é uma cidade tranquila, quente, e onde só há luz das 18h às 6h. Lá conseguimos uma hospedagem simples (na rua da imigração) que cobrava 10 dólares por um quarto de casal. Como não conseguimos barco para o primeiro dia, acabamos ficando lá. No dia seguinte era domingo e também não conseguimos nada. Somente na segunda foi que conseguimos um barco para seguir ao Panamá.
Na esquina ao lado deste hotel (Posada Candi) há um restaurante que oferece um menu excelente com carne por 4 dólares, ou com ovos por 3 dólares.
Há um outro hotel mais chique, com luz 24 horas e internet (lenta) por 15 dólares por pessoa.
De Puerto Obaldía à Cidade do Panamá
Puerto Obaldía é outra cidade isolada do resto do país: para chegar/sair daqui, somente por avião, barco ou por uma trilha de 4 dias pela selva (rota supostamente utilizada por traficantes e imigrantes ilegais).
-
Voo
A AirPanamá (www.airpanama.com) possui voos entre Puerto Obaldía e a Cidade do Panamá por 100 dólares. Convém comprar com antecedência, pois quando chegamos os voos já estavam lotados pelos próximos 6 dias.
De tempos em tempos também há voos particulares: conhecemos um pessoal que pegou um destes e pagou 170 dólares por pessoa.
-
Barco
Outra opção é seguir em barco, passando pelas paradisíacas ilhas de San Blás. Você pode tanto pegar um barco direto para Carti (110 dólares) quanto um para Calidonia (uma pequena ilha habitada pelos indígenas Kuna Yala – 50 dólares) e de lá outro para Carti (70 dólares).
Além do valor do barco, é preciso pagar a entrada para San Blás (20 dólares) e o carro de Carti à Cidade do Panamá (25 dólares).
Para conseguir um barco, basta conversar com o pessoal em um restaurante que tem quase na frente da imigração. Ali param todos os barqueiros, e logo te encaixam em algum grupo.
Nós demos sorte: fomos com um barco que estava viajando vendendo mercadorias. Passamos 4 dias viajando com ele, conhecendo várias ilhas do arquipélago. Pagamos os mesmos 110 dólares, e no caminho pagávamos nossas hospedagens e comida (contaremos com detalhes em um próximo post).
Quem quiser o contato do barqueiro que nos levou, o nome dele é Joe e seu whatsapp é: +57 312 2047 846. Se tiver tempo, vale a pena fazer esta viagem: vai conhecer várias aldeias indígenas pouco exploradas pelo turismo.
Outras opções para cruzar da Colômbia ao Panamá
-
Avião
Método supostamente mais barato, e que pensamos em utilizar no começo. A VivaColombia (www.vivacolombia.co) possui voos econômicos (na promoção consegue por uns 100 dólares) entre Bogotá e a Cidade do Panamá. O problema é que só te deixam embarcar se tiver um ticket de saída do Panamá. E não adianta chorar, mostrar reserva ou imprimir um ticket falso: eles ligam para confirmar se o voo é válido. Se for só uma reserva, é preciso pagá-la antes de embarcar.
Para quem viaja como nós (sem um roteiro bem definido) fica difícil. A solução seria comprar uma passagem de ônibus do Panamá à Costa Rica (30 dólares). Esse valor a mais, somado com as taxas de excesso de bagagem (esta companhia não deixa levar muita coisa) tornou este método inviável para nós.
-
Veleiros desde Cartagena
Em Cartagena há diversas empresas que vendem tours em veleiros ao Panamá. Neste caso não é exigido passagem de saída, mas os veleiros são caros. Se quiser só cruzar, espere gastar uns 300 dólares. Se quiser incluir um tour por San Blás, o preço já sobe para 500. Fora de cogitação para nós.
Dicas
- Não há caixas eletrônicos nem em Capurganá nem em Puerto Obaldía. Certifique-se de ser dinheiro suficiente (e uma certa folga) para fazer o percurso completo até a Cidade do Panamá;
- Mesmo que tenha viajado pela Colômbia utilizando a identidade, é possível ingressar no Panamá com o passaporte sem problemas. Neste caso, peça para o funcionário da imigração colombiana carimbar a sua saída no passaporte.
- Se for de barco, guarde o comprovante de pagamento da entrada para San Blás, pois podem te pedir no caminho para a Cidade do Panamá.
- Internet é algo bem complicado, tanto em Capurganá quanto em Puerto Obaldía. Lembre-se de avisar os amigos/parentes antes de começar a travessia, para que não fiquem preocupados com o seu sumiço.
É isso pessoal! Espero que tenhamos esclarecido as dúvidas de quem pretende fazer essa rota pouco convencional entre estes dois países.
Para mais dicas e acompanhar nossa viagem de volta ao mundo, curtam nossa página no face:
www.facebook.com/mundosemfimoficial
- Não perca tempo! Garanta a reserva do seu hotel pelos melhores preços no Booking.com
- Prefere alugar uma casa? Então pegue aqui seu desconto de R$130 para a primeira hospedagem no AirBnb
- Quer ganhar um extra com suas fotos de viagem? Aprenda a vendê-las por aqui.
- Viaje sem sair de casa com os nossos livros!
Obrigada pelas dicas! Estou em Medellin e devo começar a travessia no sábado. Espero tudo siga bem…
Abraços, e boa viagem!
Boa viagem para você também! Temos certeza que vai adorar a travessia, foi uma das nossas experiências mais bacanas da América Latina 🙂
Gracias!! 😀
Ah… vocês levaram pesos colombianos ou somente dólar é suficiente?
É bom levar pesos suficientes para usar em Capurganá, pois lá não tem caixa automático (mas tem gente que faz câmbio). Tente levar uma quantia de pesos suficiente, mas não muito, pois sempre se perde um pouco com câmbio.
Depois disso é só dólares mesmo.
É bom ter dólares suficientes para fazer toda a travessia (desde Puerto Obaldía até a Cidade do Panamá), pois também não vai achar caixas automáticos pelo caminho.
Beleza!!! Obrigada!
to querendo ir de moto, sabe me dizer se esses barcos atravessao motos?
Quando chegamos a Puerto Obaldía havia um casal com moto lá. Já estavam há alguns dias esperando algum barqueiro que topasse levar as motos, mas todos queriam cobrar na faixa de 1500 dólares por moto. Não sei se conseguiram ou não. Também não sei se conseguiram legalizar a entrada das motos no Panamá. Acho que o ideal é mandar a moto por container mesmo!
Como conseguiram entrar no México e Estados Unidos. Tinha visto americano.
Sim, tiramos o visto antes de sair do Brasil. Mas outra opção é tirar o visto em alguma embaixada americana no México
Tem refugio na cidade do panama?
Se tiver, Como ir até a onde que tem?