Conheça Yungay, a cidade peruana destruída por um avalanche.

Localizada a poucos quilômetros de Huaraz, em uma das regiões mais bonitas dos Andes, estava Yungay, uma cidade que, junto com seus habitantes, foi literalmente sepultada viva. Conheça mais desta triste história!

Referência (jun/2016)
1 real = 0,88 soles
1 dólar = 3,31 soles

Yungay foi uma das cidades mais bonitas da região de Ancash, Peru, com uma vista privilegiada para o monte Huascarán e uma próspera economia.

Em 31 de maio de 1970, porém, esta cidade seria vítima de uma das maiores tragédias naturais da América do Sul, colocando um fim ao progresso e à vida de seus mais de 20 mil habitantes. Coincidentemente, nesta mesma época, a seleção de futebol do Peru realizava a sua melhor campanha na Copa do Mundo, tendo sido eliminada pelo Brasil nas quartas de final.

Ruínas da antiga igreja de Yungay
Ruínas da antiga igreja de Yungay

Um forte terremoto, com magnitude 7,9, arrasou a maioria das cidades da região, mas o destino de Yungay foi o pior. O terremoto fez com que enormes blocos de gelo se desprendessem do pico do cerro Huascarán (o mais alto do Peru), formando uma enorme avalanche que cobriu toda a cidade. Somente cerca de 300 pessoas, que correram para o cerro onde está o cemitério ou para zonas mais afastadas, conseguiram sobreviver à tragédia.

Cemitério de Yungay, onde algumas pessoas correram para salvar suas vidas.
Cemitério de Yungay, onde algumas pessoas correram para salvar suas vidas.

Toda a região foi considerada sagrada, e escavações são proibidas no local. Toda a história daquela cidade, assim como os corpos das pessoas, os carros, as casas e até mesmo as barras de ouro do cofre do banco local estão descansando sob aproximadamente 5 metros de terra e pedras.

Um guarda do local, filho de um dos poucos sobreviventes, conta que, até hoje, os mais antigos acreditam que Huascarán é um vulcão, e que havia erupcionado naquele dia. O choque das enormes pedras teria causado enormes faíscas em meio à nuvem de poeira levantada, dando a impressão de se tratar de lava.

Parque de Yungay
O local da tragédia foi transformado em um bonito parque.

Hoje, a Nova Yungay está localizada a 1km ao norte da antiga Yungay, e não passa de mais um pequeno povoado da região, formado com os poucos habitantes que sobreviveram e seus descendentes. Sua triste história, porém, é lembrada pelo Campo Santo Yungay, um parque que foi criado no lugar da tragédia.

Réplica da igreja de Yungay.
Réplica da igreja de Yungay.

Conhecendo o Campo Santo Yungay

Localizado a 1km ao sul da Nova Yungay, e a 56km ao norte de Huaráz, o Campo Santo Yungay é um bonito parque que foi criado sobre o lugar onde antes ficava a antiga cidade de Yungay.

A entrada para o parque custa 5 soles, e é opcional contratar um guia. Nós fomos sem guia mesmo, e tivemos a sorte de conhecer Davi, um guarda local, filho de um dos sobreviventes, que nos contou com detalhes toda a história daquele local.

Ônibus de Yungay, totalmente destruído pelo avalanche
Ônibus de Yungay, totalmente destruído pelo avalanche

O circuito é simples, e bem explicado. Pouca coisa ficou sobre a terra, mas ainda se pode ver o que sobrou de um antigo ônibus, os restos de um veículo particular, alguns tanques de combustível e parte das ruínas da igreja que havia no local. 4 das mais de 30 palmeiras da praça principal conseguiram permanecer em pé, e uma delas segue com vida. Ao fundo do parque, uma réplica da fachada da igreja original foi construída.

Yungay
Uma das enormes pedras que foram deslocadas no avalanche, cercada por algumas homenagens às vítimas da tragédia.

Todo o parque é coberto de flores, e várias cruzes foram colocadas em homenagem às vítimas que morreram ali.

No fim do circuito também se pode visitar o cemitério do local, que foi construído em um cerro onde antes era um cemitério pré-inca. As pessoas que conseguiram correr para este cerro estão entre os poucos que conseguiram sobreviver à tragédia.

Ironicamente, sobre o cemitério está uma estátua de Jesus Cristo. Esta estátua foi erguida em 1965, depois que um avalanche de 1962 destruiu alguns povoados vizinhos. Este Jesus, de braços abertos, foi colocado ali como uma forma de pedir paz ao Huascarán. Infelizmente, não deu muito certo…

Estátua de Cristo, pedindo paz a Huascarán
Estátua de Cristo, pedindo paz a Huascarán

Como chegar

Algumas excursões de Huaráz combinam a visita ao Campo Santo e outras lagoas na região.

Se quiser ir por conta própria, as vans para lá saem de Huaráz da rua Cajamarca e te deixam em frente ao parque. Estas vans custam 5 soles o trecho, e saem em intervalos de aproximadamente 20 minutos. Peça ao cobrador para descer no Campo Santo, senão vai ter que caminhar 1km desde a Nova Yungay até o local da tragédia.

 

É isso pessoal! Esperamos que tenham gostado de conhecer a história deste lugar.

Conheça mais destinos na região de Huaraz aqui.

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11 comentários sobre “Conheça Yungay, a cidade peruana destruída por um avalanche.

  1. Muito bom o post de vocês mas fiquei com uma dúvida.
    Em qual época estiveram em Yungay?
    Qual a temperatura média??

    Abs

    1. Fala Renê,
      Estivemos lá em junho. Em Yungay em si faz calor de dia (uns 20-22 graus). Quando faz frio é pela noite, ou nas trilhas do Parque Nacional. Por aí a temperatura pode cair para alguns graus negativos.

      Abs,

  2. Olá, sabe se há alguma opção de hospedagem nessa vila? Por mais simples que seja, Queria encontrar algo que me poupasse de 4h por dia ida e volta pra fazer as trilhas no parque. Tem o Llanganuco Mountain Lodge que fica dentro do parque mas tá completamente fora do meu budget.
    Obrigada!

    1. Olá Ariane,
      Em Yungay acho pouco provável, já que a cidade foi completamente destruída e a nova é mais um vilarejo rural do que uma cidade em si.
      A cidade que o pessoal usa como base para conhecer o parque é Huaraz mesmo. As trilhas de 1 dia geralmente são feitas em excursões (que custam na faixa dos 30 reais). Tem agências que oferecem trilhas de vários dias pelo parque, mas aí é acampando mesmo.
      Alguns se aventuram a fazer as trilhas por conta própria, mas só é recomendado para quem tem bastante experiência com trekking mesmo. Não há muita estrutura e nem guarda parques dentro do parque, portanto qualquer acidente por lá pode ser fatal.
      Alguns fazem a trilha 69 por conta própria. É relativamente fácil porque há bastante movimento de turistas, mas não tem transporte público para chegar lá. Tem que se aventurar na carona mesmo.

  3. Obrigada pelo breve retorno, Renan.

    To com roteiro apertado então pretendo fazer apenas Laguna Paron, Laguna 69 e de repente o Glaciar Pastoruri ou algo assim leve no primeiro dia.

    Pesquisando mais ontem a encontrei a cidade Caraz. Não fica tão perto como Yungay mas já é alguma coisa. Achei aqui em outro post bem antigo indicação de hostel lá:
    http://www.lospinoslodge.pe/
    https://www.facebook.com/lospinoslodge.peru/

    E pelo hostel uma agência pros passeios:
    https://www.facebook.com/apuaventura.peru/

    Abs.
    Ariane

    1. Caraz é uma boa base para fazer a 69. Inclusive fica mais perto do que Yungay, já que a estrada para cima da montanha parte dela.
      O glaciar Pastoruri fica mais perto de Huaraz (este glacial é bem bonito, vale a pena). Mas as agências levam para qualquer lugar a partir de estas duas cidades, então pode escolher uma delas de base e fazer os tours. Huaraz é maior, então acho que tem mais chances de encontrar hospedagens baratas e tours por lá. Nós pagamos 25 soles no tour para o Pastoruri e 50 soles no da 69, partindo de Huaraz. Não fizemos a lagoa Paron, mas acho que era 25 soles também. Isso há 2 anos atrás, capaz que tenham subido um pouco os preços.
      Mas vai tranquila que é bem fácil arranjar as coisas por lá. Tem bastante agência nas duas cidades.
      Boa viagem!! 🙂

  4. Renan, ótima explicação sobre o lugar. Vi um vídeo que tem uma estrada espetacular (perigosa e cheia de túneis) que liga Huaraz e Caraz. Vc sabe se indo de carro por ela, passa aí no Campo Santo?
    Obrigada.

  5. Olá Sil!
    o Campo Santo fica um pouco depois, entre Huaraz e a famosa lagoa 69.A estrada cheia de curvas é ao sul de Huaraz, e o campo santo fica ao norte.

  6. Estou lendo o livro “Maria Altamira” e uma das protagonistas “Alelí” é sobrevivente desta tragédia por ter tido um encontro com seu namorado e pai de sua filha no cemitério. O livro me interessou por conta do tema, mas qdo li a “orelha” o que me deixou mais motivada ainda foi ter acabado de ter acabado de ver o vídeo do Mundo Sem Fim nesta cidade. No meio da leitura fui fazer uma pesquisa e esse foi o primeiro conteúdo que me apareceu. É um sem fim do Mundo Sem Fim no meu mundo. Amo!!

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