Uruguai – como foi nosso curto mochilão pelo país

Nossa passagem pelo Uruguai não foi das melhores. Ficamos apenas 3 dias no país e gastamos por lá o equivalente a quase 1200 reais (quase a mesma quantidade que gastamos em 15 dias na Argentina), isso porque economizamos ao máximo (chegando ao ponto de cozinhar na rodoviária para economizar dinheiro).

O país é caro, e não apenas porque o real está desvalorizado. Ouvimos um casal de alemães reclamando sobre os preços de lá, para se ter uma ideia. Uma casquinha do McDonalds, por exemplo, custa quase o equivalente a 5 reais.

Entramos no país pela fronteira Colón (Arg) – Paysandu (Uru), seguimos para Montevideo, depois Punta del Este e de lá voltamos para Colônia del Sacramento, onde pegamos o barco para Buenos Aires.

Cozinhando na rodoviária de Paysandu para economizar
Cozinhando na rodoviária de Paysandu para economizar

Ao chegar em Paysandu, já tivemos a primeira surpresa: o peso argentino não vale nada no Uruguai, mesmo nas cidades fronteiriças. Nossa ideia era comprar a pessagem em pesos argentinos, e em Montevideo fazer o câmbio, mas perderíamos muito dinheiro assim.

Decidimos correr até o centro e sacar algum dinheiro no cartão de débito. Aí já veio a primeira bomba: o banco de lá cobra 170 pesos uruguaios (cerca de 25 reais) por saque.

Como os preços das hospedagens por lá eram absurdos, tentamos CouchSurfing, mas sem sucesso em nenhuma cidade (alguns poucos hosts foram atenciosos e explicaram que não poderiam nos receber por diversos motivos, mas a maioria nem se deu ao trabalho de responder).

Vamos falar um pouco sobre cada cidade que passamos:

Montevideo

Quando chegamos ali, estava rolando o “Dia del Patrimonio”, festa interessante em que alguns edifícios públicos abrem as portas para visitação. Esta festa ocorre 1 vez por ano, sem data definida. Se estiver indo para lá, recomendamos tentar tentar ir nessa época.

O melhor lugar para se hospedar é na “ciudad vieja”, o centro histórico de lá. Há museus para todos os gostos, praças e prédios antigos, alguns em péssimo estado de conservação (se você já conhece Buenos Aires, vai ficar muito decepcionado).

Passeio do centro de Montevidéu

Um dos pontos recomendados para visitar é o Mercado do Porto, onde há vários restaurantes de comida típica (que não são baratos, esteja preparado para desembolsar uns 100 reais por cabeça se for comer por lá).

Como não podíamos nos dar ao luxo de gastar isso tudo, procuramos um local barato para comer, mas sem muito sucesso (o fato de ser um domingo ainda piorou a situação).

O mais em conta que encontramos foi um PF de 230 pesos (cerca de 30 reais!) por pessoa, que vinha uma bisteca e purê de batatas.

Quando pedimos a conta, veio a surpresa: além dos usuais 10%, ainda cobravam o imposto separado (cerca de 15%) e 25 pesos por pessoa pelos cubiertos (talheres)! Se subéssemos, teríamos levado nossos próprios pratos para lá…

Sobre a segurança, algumas ruas do centro eram bastante desertas e com pouco policiamento, mas não achamos a cidade perigosa. Vale tomar os cuidados básicos que se toma no Brasil.

Se ficar bem localizado, é possível ver quase tudo a pé. Se precisar tomar um táxi, uma corrida pela cidade não custa mais que 25 reais (pelo menos isso é barato).

Interior do teatro de Solis, edifício em excelente estado de conservação de Montevidéu.
Interior do teatro de Solis, edifício em excelente estado de conservação de Montevidéu.

2 dias devem ser suficientes para conhecer bem a cidade (para nós, 1 dia já foi). Se tiver grana para gastar, vale a pena comer as deliciosas carnes uruguaias.

Punta del Este

Punta fica a cerca de 4 horas de ônibus de Montevideo. É uma praia bonita, cara e cheia de brasileiros.
Não há muito o que se fazer por lá sem dinheiro, portanto chegamos de manhã e fomos embora no final da tarde. Até tentamos procurar um hostel para passar uma noite, mas com uma diária de 20 dólares por cabeça para um quarto compartilhado com outras 10 pessoas, mudamos logo de ideia.

A praia é muito bonita para tirar fotos, mas a água gelada impossibilita banho ali, mesmo no calor. Eventualmente um lobo marinho pode fazer uma visita no porto ou em algum cais, o que deixa o lugar um pouco mais legal.
No mais, há cassinos baladas e restaurantes caros, o que para nós não era nem um pouco interessante.
O local é tipo uma Las Vegas um pouco mais em conta para brasileiros. Se tiver uma graninha para gastar, vale a pena conhecer o lugar.

Michele no monumento dos dedos, em Punta del Este, Uruguai
Michele no monumento dos dedos, em Punta del Este, Uruguai

Outro ponto clássico é o monumento dos dedos, que fica na praia próximo à rodoviária. Muitas pessoas vão lá para tirar uma foto, e nós não fomos exceção 🙂

Colônia del Sacramento

Já chegamos a Colônia com o pé esquerdo. Nossa intenção era pegar um ônibus noturno para chegar lá de madrugada, assim poderíamos dormir durante a viagem e esperar na rodoviária até o dia amanhecer. Assim, no dia seguinte procuraríamos um hostel e passaríamos um dia a mais por lá.

Acontece que chegamos em Colônia por volta das 3h da madrugada e fomos tocados da rodoviária. O responsável noturno queria dormir e trancou as portas do terminal.

Na rua, a noite e com um frio insuportável, fomos obrigados a procurar uma hospedagem. Encontramos o hostel chamado El Español, recomendado no nosso guia de viagem, que por sorte possuía camas disponíveis.

Pagamos o equivalente a 12 dólares por pessoa para dormirmos 4h. No dia seguinte, saímos para conhecer a cidade.

Colônia é uma cidade antiga e muito bem conservada, levando o título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco. As ruas de paralelepípedo e as casas possuem forte influência da arquitetura portuguesa, o que faz a cidade lembrar muito Paraty.

Carro antigo em uma das tranquilas ruas de Colônia del Sacramento
Carro antigo em uma das tranquilas ruas de Colônia del Sacramento

Para quem tiver grana sobrando é possível alugar um carrinho de golfe para andar por lá. Se não for o caso, é possível ver tudo a pé mesmo (o centro histórico é bem pequeno).

1 dia deve ser mais que suficiente para esta cidade. Para quem pretende ir do Uruguai à Argentina de barco, vale a pena chegar em Colônia pela manhã e tomar o barco do fim da tarde (o barco que sai de Colônia é mais barato e mais rápido que o que sai de Montevidéu).

Considerações finais:

Vale a pena conhecer o Uruguai?

Acredito que todo país valha a pena ser conhecido. Nós nos arrependemos de ir para lá, não pelo país em si, mas pelo rombo que isso representou no nosso orçamento.

Montevidéu é mais cara, menos interessante e menos conservada que Buenos Aires. Colônia é bonita, mas temos exemplares coloniais muito mais bonitos no Brasil. Punta del Este é exatamente o oposto do que buscamos numa viagem.
Agora, se você não viaja em economia de guerra, é claro que vale a pena dar uma chance ao país.

Dicas:

  • Se estiver vindo da Argentina, não espere gastar seus pesos argentinos ali. As casas de câmbio pagam pouquíssimo nesta moeda. Há um ou outro restaurante que aceita pesos argentinos e paga um valor justo por eles, o que pode ser uma boa opção se sobrou dinheiro do país vizinho.
  • Apesar do país ser caro no geral, os táxis são baratos por lá.
  • Os restaurantes costumam cobrar 10% do garçom (alguns 15%), além de cerca de 18% de imposto e uns 30 pesos de “cubiertos”. Leve isso em conta antes de pedir um prato.
  • O espanhol falado no Uruguai é um dos mais difíceis de entender, mesmo para quem já fala espanhol fluentemente.
  • Algumas rodoviárias de lá fecham a noite, o que dificulta a vida daqueles que fazem das rodoviária um hotel.
  • Se for visitar o país, veja se não está na época do “Dia do Patrimonio”, pois isso permite a visitação de alguns edifícios públicos que costumam ser fechados ao público.
  • Quando for sacar dinheiro no caixa eletrônico, procure por valores quebrados (por exemplo, 3950 em vez de 4000). O Uruguai possui notas com valores altos (de até 2000 pesos, que equivale a cerca de 260 reais), e se sacar 4000 pesos vai receber duas de 2000, que são um pouco difíceis de trocar.

É isso pessoal!
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18 comentários sobre “Uruguai – como foi nosso curto mochilão pelo país

  1. Parabéns pelo relato! Estou adorando o blog e vou acompanhar a viagem de vocês até o fim. Que pena que o Uruguai ficou tão caro para nós. Mas isso faz parte da vida de um viajante. Quando estive por lá o custo já era parecido com cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Boa viagem para vocês!

  2. Belo relato. Muito fiel ao que é o Uruguai. Fomos em julho e realnente assustador os preços praticados por lá. Visiramos um casal uruguaio amigi nosso em Atlantida, ubs 30 km de montevidéu e eles também estão apavorados com o custo de vida lá. Mas como foi frisado, qualquer país vale a pena conhecer, e o Uruguai não é diferente. Abraço e boa viagem!

    1. Obrigado pelo comentário! Saímos de lá com um sentimento de dúvida se o país realmente era caro mesmo ou se tínhamos cometido algum erro, mas pelo visto não tem muito como evitar gastar muito por lá!
      Um abraço!

  3. Boa tarde,
    Fiquei triste agora após ler seu post sobre Uruguay , estava com roteiro quase pronto para passar Dez por lá com a intenção de melhorar espanhol e conhecer o país ,mas agora acho que não vai dar não , preços hotéis que você informou está muito acima do que andei vendo no booking .(hostel)
    Meu roteiro era 8 dias em cada cidade Punta del este , Montevideo e Colônia Sacramento e 4 em Buenos Aires..
    Além dos preços hotéis e comida me desanimou também as dificuldades que vocês relatam e levando em consideração que só conheço o Paraguay ( cidade de leste ) e Argentina ( Puerto Iguazú ) Acho melhor não me arriscar.
    Valendo me do conhecimento de vocês ,qual cidade me indicam para ficar uns 30 dias praticando o espanhol que tenha baixo custo?
    Agradeço imensamente se tiverem uma sugestão .
    Att,
    Ivone
    PS ***Pretendo sair de Florianopo Lis e fazer viagens de ônibus..

    1. Olá Ivone!
      Realmente os preços do Uruguai nos assustaram um pouco, mas também éramos bem inexperientes nessa época, e também estávamos viajando em um feriado local. Talvez você consiga algo em conta pelo AirBnb. Se encontrar algo econômico pelo booking é uma boa também. Quando fomos não achamos nada em Punta, mas em Montevideo não era tão caro.
      Países baratos para ir de ônibus nesta região é difícil. Acho que o mais barato seria o Paraguai mesmo. Se encontrar uma promoção de avião, poderia pensar em ir para a Colômbia. Lá é bem barato, e o espanhol deles é considerado o melhor da América Latina. Bogotá e Medellín são duas cidades boas para passar um mês.
      Mas tenta fazer um planejamento pelo Uruguai e reservar com antecedência que acho que dá pra conhecer sim! 🙂
      Boa viagem!!

  4. Ola, belo relato e voces estao parcialmente certos sobre o Uruguai, talvez parte do pais mais adequada para a viagem de voces, infelizmente foi deixada para tras, o litoral no departamento de Rocha é de tirar o folego, com bastante campings, hospedagem e comida razoavelmente baratos(menos que o Brasil em alguns casos). Cidades como Punta del Diablo, Valizas(Cabo Polonio), La Paloma tem atrativos para mochileiros talvez mais interessantes que as cidades visitadas por voces. Vale a pena voltar e conhecer estes lugares

    1. Fala Pedro!
      Pois é, entramos no Uruguai sem planejar nem conhecer nada, por isso acabamos gastando muito e visitando poucos lugares. Mas é um país que com certeza voltaremos!
      Abraços!!

  5. Pois é amigos, aqui é caro mesmo! E sempre foi. Desde a década de 50 é assim e não vejo perspectivas de mudança a curto-médio prazo. Sem querer entrar em polêmicas, não é fácil manter 250 mil funcionários públicos num país de 3 milhões de habitantes. Se é difícil manter empresa aberta no Brasil, aqui não fica muito longe. Sindicatos fortes e impostos altos. Abraço.

  6. Renan e Michele. Estivemos algumas vezes no Uruguai e tive impressão diferente de vocês. Cabo Polônio é muito bonito e feito para mochilar. Punta del Este não faz o nosso estilo. Não fomos. Montevideu é caro, mas os pontos positivos são a educação do povo e a segurança. Não há falta de policiamento: ele é desnecessário. Cidade muito segura. Passamos uma semana andando só a pé. De dia, de noite e de madrugada sem nem sombra de incidentes. Atravessamos todo o País pelo interior (de carro). Tudo rural e cidades pequeníssimas, mas sempre, no meio do nada, uma plaquinha: “ESCUELA”. Durante a viagem avistamos centenas de escolas, inclusive em locais onde nem se avista onde fica o vilarejo. Em Montevideu não se vê criança na rua sem uniforme escolar (em épocas de aula). Enfim, um país com um povo maravilhoso, muito educado, muito politizado e bastante acolhedor. Essa foi a visão que eu e minha companheira tivemos.
    Abraços

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